
A imigração japonesa no Brasil teve início no século XX, através de um acordo entre o governo brasileiro e o japonês. Oficialmente, em 18 de junho de 1908, o primeiro navio (Kasato Maru) aportou em São Paulo e trouxe consigo mais de 780 lavradores para as fazendas do interior paulista. O fluxo só diminuiu, significativamente, em 1973, com a vinda do último navio (Nippon Maru) na época, a estimativa era de que havia quase 200 mil japoneses estabelecidos no país.
Atualmente, estima-se que haja mais de um milhão e meio de nipo-brasileiros, cuja maioria reside nos estados de São Paulo e do Paraná. Os nipo-brasileiros que foram ao Japão trabalhar a partir do fim dos anos 80 são denominados dekasséguis.
Em 2008, o Brasil comemorou o centenário da imigração japonesa. Durante esses 100 anos, desde a chegada do navio Kasatu Maru, a primeira embarcação com imigrantes japoneses a desembarcar no Brasil, os japoneses vieram ao país e se estabeleceram em várias cidades, inicialmente no Vale do Ribeira. Depois, os japoneses migraram para outras cidades e regiões e entre esses lugares, estão Mogi das Cruzes, Oswaldo Cruz e Bastos no estado de São Paulo.
Mogi das Cruzes

Em Mogi das Cruzes existe o Parque Centenário da Imigração Japonesa, inaugurado em junho de 2008. O parque possui quatro lagos com pontes inspiradas no estilo oriental, além disso a presença japonesa é notada pela grande quantidade de cerejeiras (árvore símbolo no Japão) plantadas no parque. Os imigrantes japoneses que se instalaram em Mogi das Cruzes chegaram em sua maioria nas décadas de 20 e 40 para trabalhar nos cafezais da região do noroeste paulista.
Bastos
Se você gosta da cultura do Japão também precisa conhecer Bastos. Foram esses imigrantes japoneses que deram início à cidade de Bastos, 20 anos após a chegada da primeira caravana. No início eram só japoneses e eles contribuíram muito para a história do lugar. Até os dias de hoje, boa parte da população só fala japonês. Bastos possui a maior porcentagem de asiáticos do estado de São Paulo e já chegou a ter a maior fábrica brasileira de fios de seda, sendo a maior fornecedora para os EUA na segunda guerra.
Osvaldo Cruz

Osvaldo Cruz foi palco de um conflito entre os brasileiros e imigrantes japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. Em julho de 1946, um assassinato cometido por um descendente de japoneses desencadeou uma grande manifestação de fúria dos brasileiros contra a comunidade nipônica da cidade. A situação só foi controlada com a chegada das tropas do exército. Hoje em dia, o clima é de paz e você pode vivenciar isso em uma visita ao Templo Budista Honpa Hongwanji. Durante todo o ano, o templo realiza diversas festividades e celebrações. Uma boa oportunidade para encontrar um pouco de paz e conhecer mais sobre o budismo.
São Paulo

O “Bairro da Liberdade”, localizado parte no distrito da Liberdade e parte no distrito da Sé, é conhecido como o maior reduto da comunidade japonesa na capital que, por sua vez, abriga a maior colônia japonesa do mundo fora do Japão.
Paraná
A ampliação da colônia no Paraná está diretamente relacionada às restrições do plantio do café no Estado de São Paulo. Embora desde 1913 a região de Cambará já contasse com uma Vila Japonesa, foi somente após a queda da Bolsa de Nova York, em 1929, que as companhias de imigração começaram a olhar para fora do território paulista. Com o incidente financeiro internacional, o governo paulista proibiu o plantio de pés de café e os grandes capitalistas japoneses que investiam em atividades agrícolas começaram a comprar terras no Paraná e a revender aos imigrantes. Assim, em 1932, surge Assaí, inicialmente batizada como núcleo Três Barras. A opção pelo novo nome não poderia ser mais apropriada: Assaí quer dizer sol nascente.
Assim como encontraram dificuldades ao chegar a São Paulo, os imigrantes do norte do Paraná também tiveram de exercitar a alma de desbravadores. Entre os anos de 1932 e 1939, chegaram 365 famílias de imigrantes a Assaí, mas não eram pessoas vindas diretamente do Japão. A grande maioria já conhecia o modo de vida brasileiro e tinha um histórico de trabalho em fazendas de São Paulo.
História dos imigrantes japoneses

Este era o cartaz de propaganda da imigração de japoneses para o Brasil e Peru.
O Japão estava superpovoado no início século XX. O país tinha ficado isolado do Mundo durante os 265 anos do período Edo (Xogunato Tokugawa), sem guerras, epidemias trazidas do exterior ou emigração. Com as técnicas agrícolas da época, o Japão produzia apenas o alimento que consumia, sem praticamente formação de estoques para períodos difíceis. Qualquer quebra de safra agrícola causava fome generalizada.
O fim do Xogunato Tokugawa deu espaço para um intenso projeto de modernização e abertura para o exterior durante a era Meiji. Apesar da reforma agrária, a mecanização da agricultura desempregou milhares de camponeses. Outros milhares de pequenos camponeses ficaram endividados ou perderam suas terras por não poderem pagar os altos impostos, que, na era Meiji, passaram a ser cobrados em dinheiro, enquanto antes eram cobrados em espécie (parte da produção agrícola).
No campo, os lavradores que não tinham tido suas terras confiscadas por falta de pagamento de impostos mal conseguiam sustentar a família. Os camponeses sem terra foram para as principais cidades, que ficaram saturadas. As oportunidades de emprego tornaram-se cada vez mais raras, formando uma massa de trabalhadores miseráveis.
A política emigratória colocada em prática pelo governo japonês tinha como principal objetivo aliviar as tensões sociais devido à escassez de terras cultiváveis e endividamento dos trabalhadores rurais, permitindo assim a implementação de projetos de modernização.
A partir da década de 1880, o Japão incentivou a emigração de seus habitantes por meio de contratos com outros governos. Antes do Brasil, já havia emigração de japoneses para os Estados Unidos (principalmente Havaí), Peru e México. No início do século XX, também houve grandes fluxos de emigração japonesa para colonizar os territórios recém-conquistados da Coreia e Taiwan. Somente no Brasil, Estados Unidos e Peru se formaram grandes colônias de descendentes de japoneses. Praticamente todos os imigrantes que formaram grandes colônias na Coreia e Taiwan retornaram ao Japão depois do fim da Segunda Guerra Mundial.
Em abril de 1905, chegou ao Brasil o Ministro Fukashi Sugimura, que visitou diversas localidades no Brasil, sendo bem recebido tanto pelas autoridades locais como pelo povo, parte desse tratamento se deve a vitória japonesa na Guerra Russo-Japonesa, frente ao grande Império Russo. O relatório produzido por Sugimura, onde foi descrito a receptividade dos brasileiros, aumentou o interesse do Japão pelo Brasil. Influenciados por este relatório e também pelas palestras proferidas pelo secretário Kumaichi Horiguchi, começaram a surgir japoneses decididos a viajar individualmente para o Brasil.